20 de dez. de 2013

O despertar de intuições: na horta e na cruzinha

Na agricultura intuitiva e na culinária viva, nossas atividades estão pautadas em mudanças de ciclos e estações.

Somos orientados pelos ritmos da natureza. Vivemos conectados ao fluxo da vida, de forma permanente e contínua. Um belo começo para a prática da Agricultura Intuitiva.

Dia após dia, germinamos, brotamos, organizamos espaços de produção de vida. Plantamos, conversamos com jardins, interagimos com outras formas de vida. Re-conectamos com nossas ancestralidades mais antigas, com nossa força de ligação ao sagrado gesto do viver com plenitude de unidade e estado de presença. Isso é despertar intuições para a Rede de Energias Vivas!


Quando nos relacionamos de forma íntima com a serenidade do Reino Vegetal, nos tornamos mais conscientes da interdependência e interdimensionalidade que regem a Rede de Energias Vivas, na qual estamos conectados. 

Saímos dos automatismos da vida urbana-consumista-tecnológica para conseguir respirar e sentir a presença do Anjo da Paz em nosso Ser.

Organizamos nossa casa como se fosse um laboratório vivo, onde ações são estruturadas de acordo com as condições de tempo e disponibilidade das estações. Sistematizamos nossas prioridades em nome da produção variada de alimentos com vitalidade.

Alimentamos nossos afetos, nossa alma, nossa casa, nosso jardim. Alimentamos nossa vida!

Agricultura Intuitiva: sistemas de produção de VIDA ensinam sobre o tempo... 


Há tempo para tudo: época de plantio, tempo de produção das mudas, tempo de desenvolvimento da planta, tempo de colheita, tempo para colher, tempo para produzir sementes, a fim de garantir o ciclo da vida vegetal e promover a autosuficiência do sistema.

Basicamente, o tempo é organizado para compor diferentes sistemas para produção de vida:

1. Germinação de sementes. Ciclos de 24 horas (mínimo). Colheita na pia da cruzinha;

2. Brotário. Ciclos de 1 semana (mínimo). Colheita na varanda de casa;

3. Horta-Jardim (ou Jardim Comestível) Ciclos de 2 a 5 meses (mínimo). Colheita no quintal de casa.

4. Agrofloresta. Ciclos de 4 meses a 10 anos (mínimo). Colheita na roça.

Cada um tem seu encanto, seu ciclo e seu canto, de acordo com suas diferenças e cuidados característicos... Parece até a gente!

Observada como um ambiente de transformação, a cru-zinha (cozinha que não cozinha nada) é o maestro que organiza este estilo de vida.

A Agrofloresta e a Horta-Jardim se complementam com a germinação, a brotação, a culinária intuitiva, a fermentação e a desidratação, bem como com a compostagem direta dos resíduos orgânicos. 

Estamos dentro de um contexto alimentar cíclico que permitirá voltar ao estado original onde tudo vira terra. 

Consideramos todas estas atividades como reflexos dos ciclos geradores de equilíbrio na natureza, as quais surgem para afastar a ilusão humana de isolamento em relação a estes.

Alimentando o solo da Horta-Jardim com o manejo das bananeiras

Quando vivemos o estilo de vida biogênico, nos sentimos parte de algo maior, o que contribui para o autoconhecimento e, consequentemente, para a liberdade de entregar-se à intuição, à descoberta e à criatividade da investigação. 

Alimentação Viva e investigação da culinária intuitiva


A confiança na natureza nos encoraja a envolver nossa dedicação à experimentação contínua do auto-cuidado, culinária viva, música, escrita, plantios e atividades de campo. 


Conseguimos ser mais criativos, criar novas habilidades, expressar nossos dons... quando ouvimos o som do coração. 

O estado de consciência da nossa conexão na grande Teia da Vida nos torna silenciosos e humildes. 

Desse modo, tornamos mais fácil nosso acesso às informações presentes nesta Teia Interligada de Vida, imprimindo-as em nossas relações através da força e determinação que adquirimos.  

Com o tempo, aceitamos que podemos cuidar da nossa própria vida... sem precisar ser especialista em coisa nenhuma. Confiar na natureza é ir em frente sem ter medo de errar.

A inserção em um ambiente de atenção e experimentação contribui para inteira vivência do momento presente. Assim, nos interessamos somente pelo aquilo QUE É. Assim nos conhecemos e conhecemos o ambiente em que vivemos. Nos transformamos em pessoas integradas capazes, portanto, de ver a Vida como um Todo.

Quando re-descobrimos quem somos, transformamos hábitos de vida


No caminho da Alimentação Viva...


Apresentamos, assim, uma sensibilização para a transformação de hábitos culturais, de modo que esta "conscientização" abra caminhos para:

(a) sentimento de inter-conexão e respeito por todas as formas de vida, inclusive a vida dos microorganismos que compõem os ecossistemas humanos, o que pode contribuir para a redução do uso de alimentos desvitalizados e produtos de higiene pessoal de origem sintética;

(b) redução de consumo, reaproveitamento, reutilização e reciclagem de materiais;

(c) redução de gastos alimentares;

(d) redução da dependência externa para consumo de alimentos e da quantidade de lixo produzida por alimentos sintéticos, industrializados e embalados;

(e) atividades de lazer ao ar livre, diminuída a geração de resíduos e o gasto excessivo de energia elétrica;

(f) um novo olhar sobre o uso da água como veículo de transformação e de informação vital;

(g) dispensa do uso de descartáveis e objetos de plástico e demais materiais desnecessários;

(h) reflexão sobre a qualidade do uso de materiais de limpeza doméstica e higiene pessoal, utensílios, objetos pessoais, inclusive de vestuário. Preferências por aqueles confeccionados com materiais de composição atóxica e inofensiva ao ambiente e à qualidade de vida;

(i) reduzida a necessidade do uso de medicamentos químicos e consequente eliminação desses resíduos tóxicos na natureza;

(j) adoção de uma vida simples.

A escolha da Alimentação Viva como um estilo de viver me permite vivenciar práticas favorecedoras das relações de cuidado com o corpo, com a mente, com o ambiente e com os outros seres vivos. 

Dando boas gargalhadas na Feira Orgânica do Flamengo-RJ com a Zezé Natureza
Todas as terças: estamos na Praça José de Alencar: Circuito Carioca de Feiras Orgânicas
Observo que, além de resgatar o consumo de vegetais organizados com campos de bioenergias, o estilo de vida agroecológico com a Alimentação Viva desperta, amorosamente, a possibilidade de viver a intensidade da força, a clareza da mente e a simplicidade do espírito.

Contribui-se, assim, para o rompimento da ilusão de linearidade que transforma nossas vidas em uma distração mecânica, superficial e descomprometida com a realidade.

Com carinho,

Aline Chaves
Pesquisadora dos ciclos alimentares e alquimista de vegetais vivos

Um comentário :

  1. Aline, faço minhas essas suas palavras. Muito Verdadeiro ! A vida que vc escolheu e a forma que a vive, é a mais real que eu já pude conhecer.
    Abraços
    rosemary

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Desde maio de 2017, não publico mais no Blog Panelas de Capim! Criei um novo espaço virtual para compartilhar minhas melhores inspirações...

Deixo aqui este blog como espaço de memória e referência. Aqui mora um pequeno resumo dos muitos anos dedicados à pesquisa, onde usei (aliás, ainda uso) o meu próprio corpo como experimento.


O conteúdo deste blog é, portanto, ofertado a todos aqueles que desejam aprimorar-se nas práticas da Alimentação Viva e inspirar-se no estilo de vida ecológico.

Peço gentilmente que não utilizem as nossas publicações para fins comerciais. Só porque não vale à pena promover-se financeiramente às custas do esforço e criatividade alheios.

A Vida vem da Vida!

Com carinho,

Aline Chaves
A moça que planta nas panelas

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